O município de Tucano é um dos mais ricos da região semiárida da Bahia e um dos principais motivos desta riqueza é que o nosso município está encima de um dos maiores lençóis freáticos do Brasil, que é a Bacia Tucano, um grande mar de água doce em nosso subsolo, assim como também temos as águas termais de Caldas do Jorro, Jorrinho e Mandassaia, que forma um grande potencial turístico. O nosso trabalho com os artefatos de couro em Tracupá, Caldas do Jorro, Creguenhém, Quixaba Santa Rita, Gameleira, Rio do Peixe, entre outras comunidades que trabalham com esse seguimento, e também o nosso potencial agrícola, que é a força da agricultura familiar na nossa cidade.
Mas, infelizmente, toda essa riqueza não tem valor se o poder político não intervém de forma positiva nessas potencialidades, a saber, por exemplo: se perguntarmos aos comerciantes do Jorro qual o investimento que o poder público local realizou nos últimos anos, certamente dirão que foram os festejos de São João e, com certeza, irão responder que foi muito bom, as vendas aumentaram bastante, os hotéis e pousados ficaram lotados. Mas e depois? Será que eles não gostariam que essa movimentação continuasse o resto do ano? Será que achariam ruim receber turista o ano todo? Certamente alguns dirão que o Jorro sempre recebe turista. Sim, é verdade, mas a pergunta que fica no ar é se esse turista retorna outras vezes.
É inadmissível que um local com tamanho potencial turístico como o nosso Jorro esteja tão abandonado. Não temos uma delegacia especializada ao turista, muitas ruas importantes estão sem pavimentação, o nível de prostituição é muito alto e o aumento drástico do tráfico de drogas é alarmante, resultado da total omissão do poder público, que não investe em equipamentos de lazer e esporte para a juventude. Não há quadras poliesportivas e espaços para eventos culturais.
Outra riqueza importantíssima para a nossa cidade é a agricultura familiar, atividade que tem proporcionado o crescimento da economia em outras cidades da Bahia e garantido mais qualidade de vida para os moradores. É, sem dúvidas, o item econômico mais importante de Tucano, no entanto, se perguntarmos aos comerciantes locais como foram as vendas durante o final do ano, as respostas serão todas negativas. Isso se reflete nas mais diversas produções da agricultura familiar do município: produtores de feijão e milho, apicultores, pecuaristas, agricultores que trabalham no beneficiamento de umbu, caju, manga e outros produtos da nossa região. Resumindo, toda a produção familiar e que alimenta as feiras sofre duras consequências.
A solução está na adoção de uma política de incentivo aos agricultores familiares. Precisamos de uma Secretaria de Agricultura que opere as políticas e que seja boa para os agricultores, pois a que temos é inoperante e com estrutura defasada, dado o descaso da gestão executiva municipal.
E as oportunidades existem, o que comprova o desinteresse em investir no setor agrário. O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) são excelentes iniciativas do Governo Federal, estratégicos para os agricultores familiares produzirem e gerarem renda, mas que são escondidos da população tucanense. Alguns moradores só são beneficiados com as ações destes programas quando instituições não ligadas à prefeitura desenvolvem seus próprios projetos para beneficiar os produtores. Além disso, o município está inadimplente com o INSS, o que o impossibilita de realizar convênios que tragam melhorias para a população de Tucano.
David Andrade, bacharel em Serviço Social, coordenador financeiro do Coletivo Ação Juvenil de Tucano (COAJ), consultor de Associações e Cooperativas de Produção.
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